O sol O sol lá vem Eu namoro u'a morena Que sou moreno também Caba danado Você diz que dá na bola Vontade também consola Na bola você não dá Eu vi o bombo Enrolando pelo chão Eu vi a quilaridão Na usina do pilá, o sol Cavalo pampa É alazão da cô fovera Ficou lá no atoleiro No caminho do ariá Eu dei um tombo Dei dois tombo, dei três tombo Sustento a caiga no lombo Mode o lombo não virá Mas eu não troco Meu sertão, meu naturá Por toda e qualqué capitá Que houvé no mundo inteiro Já fui pr'aqui Já fui pr'ali, já fui pr'europa Mas não troco a minha terra Por nada do estrangeiro, o sol (coco anotado por mário de andrade no rio grande do norte em 1929) O poeta come amendoim - trecho final - (mário de andrade) Mastigado na gostosura quente de amendoim... Falado numa língua curumim De palavras incertas num remeleixo melado melancólico... Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons... Molham meus beiços que dão beijos alastrados E depois remurmuram sem malícia as rezas bem nascidas... Brasil amado não porque seja minha pátria, Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde deus der... Brasil que eu amo porque é o ritmo do meu braço aventuroso, O gosto dos meus descansos, O balanço das minhas cantigas amores e danças. Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada, Porque é o meu sentimento pachorrento, Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.