Oh! que saudade do luar da minha terra Lá na serra branquejando Folhas secas pelo chão Este luar cá da cidade é tão escuro Não tem aquela saudade do luar do meu sertão
Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão
Se a lua nasce por detrás da verde mata Mais parece um sol de prata Prateando a solidão E a gente pega na viola que ponteia E a canção e a lua cheia A nos nascer no coração
Coisa mais bela nesse mundo não existe Do que ouvir um galo triste No sertão se faz luar Parece até que a alma da lua é que descansa Escondida na garganta desse galo a soluçar
Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão
Ai quem me dera que eu morrece lá na serra Abraçado a minha terra e dormindo de uma vez Ser enterrado numa cova pequenina Onde à tarde a sussurina chora a sua viuvez
A gente fria desta terra sem poesia Não faz caso desta lua E nem se importa com o luar Enquanto a onça lá na verde capoeira Leva uma hora inteira vendo a lua a meditar
Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão
Quando vermelha no sertão desponta a lua Dentro da alma o monte flutua também rubra nasce a dor E a lua sobe, o sangue muda em claridade E a nossa dor muda em saudade Branca assim da mesma cor
Se Deus me ouvisse com amor e caridade Me faria essa bondade, o ideal pra um coração Era que a morte ao chegar me surpreendesse Que eu morresse numa noite De luar do meu sertão
Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão
Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão
Compositor: Catulo da Paixao Cearence (Catulo da Paixao) ECAD: Obra #2231220 Fonograma #11468177