Adeildo Vieira

Cais

Adeildo Vieira


Vem
Com o peso da paixĂŁo sobre o meu peito
Quanto mais tonelada, mais sou pluma
O peito do poeta tem um jeito
De arrancar da dor o seu poema
Eu atiro em tua boca o meu sorriso
E colho dos teus dentes minha alegria
Eu acho até que o cais do teu abraço
É ancoradouro da minha utopia

Porque eu sou
Do mar tempestuoso da agonia
Barco a deriva
Ao sabor dos ventos fortes da paixĂŁo

A saudade mais parece tiro certo
A menos de um segundo de tua ausĂȘncia
E Ă© como achar ĂĄgua no deserto
Buscar sossego sem tua presença
Eu empresto minhas cores pros teus olhos
E deixo sem palavras meu poema
E a sinfonia que hĂĄ em teu ouvido
Repousa, passarinho em minha garganta

Pois eu sou
Do som que propaga, grito de silĂȘncio
Se em meu peito
NĂŁo soprarem os ventos fortes da paixĂŁo

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