Não, não dá Não dá prá levar A vida como se fosse represa Como navegar fechando o curso deste grande rio?
Não, não dá prá fazer de conta Que nunca vem comida nessa mesa Desespero em tempo de colheita e de plantio É melhor se deixar cair na água e pular na mesa
Pois água de viver é correnteza Onde os meninos livres tomam banho com alegria Mesa de comer é prá se fartar E mexer a massa prá fazer o pão de cada dia
Não, não tem Do que se proteger Se a vida é um revés de guarda-chuva (quanto mais aberta, mas cai chuva na cabeça)
Não, não vem Não vem que não tem Não vem plantar deserto em minha mesa Mesmo que a semente brote e o deserto floresça Eu ando é a pé na chuva e de camelo nessa mesa
Pois chuva de viver é prá se molhar Faz lama e dizem que dá resfriado, mas de quê?
Mesa de viver Semeadura Puxando o arado dentro da travessa de comer
Compositor: Adeildo Vieira dos Santos (Adeildo Vieira) ECAD: Obra #38401234 Fonograma #42796476