De madrugada, no romper do dia Em que o sol nasce iluminando o pampa A vaca berra chamando o terneiro E na restinga a passarada canta Lá coxillha a perdiz pia forte E na canhada o gado vai pastando Eu que admiro a lei da natureza Fasso os meus versos mesmo trabalhando
E o pingo zaino é igual ao pensamento Que eu comprei em Lagoa Vermelha E o cachorro companheiro e tanto Que cuida o gado e também das ovelhas No meu pescoço o lenço colorado Que eu ganhei de um compadre meu No coração um patriotismo bárbaro Maior presente que Deus me deu
E o touro berra dono do rodeio O galo canta dono do terreiro E a porcada solta no pinhão E na guaiáca um masso de dinheiro Na minha fazenda eu tenho de tudo Roças de milho de feijão e trigo E de noitinha eu pego na minha gaita E canto versos para os meus amigos
"Vida de gaúcho é boa mas tem que trabalhar muito, lutando no pampa imenso cuidando da obrigação, com pensamento no progresso e a Pátria no coração"
Minha xinóca que é linda demais Me ajuda muito e muito me destrai E a gurizada por alí brincando E o companheiro que é meu velho pai Levanta cedo e trabalha muito Um gaúcho guápo que mora pra fora Colhendo roça e campereando Com fé em Deus e Nossa Senhora
E nos domingos eu vou nos rodeios Violão e gaita em baixo do braço Barraca armada e muita festança Pingo encilhado pra ganhar no laço Companheirada por alí farreando Tomando trago e um bom chimarrão No outro dia volto pro meu rancho Assim eu honrro a nossa tradição