Tejo que levas as águas Correndo de par em par Lava a cidade de mágoas Leva as mágoas para o mar.
Lava-a de crimes espantos De roubos, fomes, terrores, Lava a cidade de quantos Do ódio fingem amores.
Leva nas águas as grades De aço e silêncio forjadas Deixa soltar-se a verdade Das bocas amordaçadas.
Lava bancos e empresas Dos comedores de dinheiro Que dos salários de tristeza Arrecadam lucro inteiro. Lava palácios, vivendas, Casebres, bairros da lata Leva negócios e rendas Que a uns farta a outros mata.
Tejo que levas as águas Correndo de par em par Lava a cidade de mágoas Leva as mágoas para o mar.
INSTRUMENTAL
Lava avenidas de vícios Vielas de amores venais Lava albergues e hospícios Cadeias e hospitais.
Afoga empenhos favores Vãs glórias, ocas palmas Leva o poder de uns senhores Que compram corpos e almas.
Leva nas águas as grades De aço e silêncio forjadas Deixa soltar-se a verdade Das bocas amordaçadas.
Das camas de amor comprado Desata abraços de lodo Rostos corpos destroçados Lava-os com sal e iodo.
Tejo que levas as águas Correndo de par em par Lava a cidade de mágoas Leva as mágoas para o mar.
Tejo que levas as águas Correndo de par em par Lava a cidade de mágoas Leva as mágoas para o mar.
INSTRUMENTAL
Composição: Adriano Correia de Oliveira / Manuel da Fonseca