Ela me passou o pão Sentou do outro lado da mesa Grudada, colada à cadeira Manhã crescendo, café esfriando
A voz dela sumia No barulho alegre do dia Na confusa manhã de algazarra A cabeça e o bule ferviam Eu queira e nada
Eu preferia vê-la de longe Sorrindo, feliz como pipa Sentada no banco quadrado Séria, olho baixo na missa
Eu pedia média e um pão Na paz do pé sujo bebendo Se ouvir dúvida ou um não Arroz de festa, sabendo
Toque no escuro, toque que é quente Toque de amigo, toque tesão Toque de baixo, toque de fato Toque no mato, toque ilusão Toque que entorta, toque que embosca Toque que é bosta, toque bundão Troca de posto, troca de gosto Toque no muro, toque pressão
Toque que entorta, toque que encosta Toque que é bosta, toque bundão
Sem plano de vôo na sala Olhando a imagem cansada Conforto-chinelo-jornal Tentando fugir da final
Puxando do bolso a nota Da rota de fuga da língua A unha passada do ponto Conversa com gosto de íngua
Se a mentira vinga a desonra Do cavalo que não toma a ponta A conta no osso, a pele O sorriso mais que amarelo
Se a foice não fere o martelo A voz dela me bate na nuca Cutuca Pisando o tapete vermelho Tentando sair da sinuca
Compositores: Marcelo de Campos Lobato, Marcos de Campos Lobato (Marcos Lobato) ECAD: Obra #4004101