Aldo Monges
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Hijo Que No He Tenido

Aldo Monges


O filho que não he tido.

Esta tarde te vi pela rua caminhavas,
sem dar te conta que meus olhos entre a gente te buscavam
E andei atrais de vc longo tempo
com meus olhos na criança que da mão levavas
E retrocedeu o tempo, retrocedeu as noites em que me amavas
as noites em que falávamos sem palavras só com amor com o olhar
Me vi beijando teu cabelo, tua fronte, tua garganta
brincando com o humilde colar que um dia te dei de presente
E senti tuas mãos nas minhas, teu alento, teus beijos em minha cara
teu sorriso feliz e sem querer escutei novamente essas palavras,
essas palavras simples de casal apaixonado
quando me diga papai, há amor quando me diga papai
Que dita grande a minha, com quanto agradecimento
vou te abraçar querida, quantas vezes ficarei dando graças de joelhos
dando graças a Deus ao céu por tanta dita,
porque é minha criança a que fala,
porque é minha criança a que ri,
porque é meu filho o que chora,
sim, porque ia ser meu filho
e tu, e tu serias minha esposa
que lindas teriam sido para os três as manhas
teríamos brincado correndo pela casa
e teríamos quebrado coisas enquanto mamãe, hehehe,
enquanto mamãe nos repreendia.
Hoje passou esse tempo, outro tempo nos separa
e é outra criança essa criança que da mão levavas
Já não és essa mulher da orgulhosa elegância
já não és essa menina que de meu braço passeava
com o sorriso feliz e a fronte levantada
há tristeza em teu semblante, há velhice em teu olhar
E eu, eu também não sou o mesmo
minha juventude já há morto, esta murcha minha cara
murcha do sofrimento que a solidão depara.
Esta tarde te vi, quanta dor no meu peito
quanta vontade de gritar este grito que agora sinto
quanta vontade de quebrar o transcorrer do tempo
de deter os relógios para não seguir sofrendo
quanta vontade de gritar a verdade que estou vivendo
porque é mentira que vivo, pois faz muito estou morto
Porque não tenho nem lar, nem esposa nem a minha criança
porque do calor do mundo meu ser morre de frio
porque nada pode ser, porque tem sido um sonho meu
já não voltaram as noites em que rondavam os trinos
os trinos de milhares de sabiás cantando a nossa criança,
essa criança que somente no meu peito tinha nascido.
É por isso que esta noite no meu quarto de solteiro
quero desabafar este pranto, quero gritar o que sinto
quero culpar a vida por todo este sofrimento
porque não foi minha culpa e Deus sabe que não minto
quero gritar minha verdade, que nunca feliz é sido
que me perdoe a vida se sou mal agradecido
que me perdoe meu Deus pelo que agora lhe peço
quero morrer esta noite, já que, já que não tem sentido,
que eu siga vivendo, se faz muito que não vivo.
Deixe-me morrer Senhor é todo o que peço
para embalar em meu sonho
porá embalar em meu sonho
o filho que não he tido.
O filho que não he tido.

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