Minha gaitinha lustrada com querosene É o espelho das morenas nos bailongos do meu chão Se retorcendo feito cobra mal matada Numa chamarra aporreada de fazer afrouxar os garrão
No roça umbigo que até cocho se emparelha Gaita e violão de cravelha não há mais crioulo par De goela aberta como nanica assustada Arrebanhando a pintalhada que um gavião vive a rondar
Finco-lhe os dedos como se fossem esporas Mas como gaita não chora parece até gargalhar Eu sem recurso e ela sobrando talento Faz notas do próprio vento querendo me encabular
Fole encarnado como olho mal dormido De algum peão adormecido que atrasou pro labutar Mel de irapuã adoçando minhas penas Que brotam das cantilenas desse meu xucro cantar
Minha gaitinha parceira de galponeadas Encurtando as madrugadas de uma ronda sem luar Até me lembra a mamangava impertinente Que nos cochilos da gente não sossega de florear
Essa gaitinha que se espicha e que se encolhe Em cada verga do fole guarda terra do meu chão É alma viva do angüera retocando No chão batido bailando com a gaitinha de botão!
Compositores: Jari Lourenzo Terres Junior (Jari Terres Jr.), Gilson Fortunato Aguiar da Silva ECAD: Obra #342427 Fonograma #1214132