Conheci um fazendeiro no sertão do Seridó Rico de terra e dinheiro, doido por gado e forró Chamado João de Luzia, casado com Dona Lia, com quem morava contente A sua esposa querida, que no decorrer da vida lhe deu um filho somente O casal não entendia porque era que o destino Ou Jesus não permitia que nascesse outro menino E então criava Joãozinho, que já tava rapazinho, perto da maioridade Era um jovem de presença, mas fraco de inteligência, pobre de capacidade Joãozinho era o meninão, ia dormir logo cedo Tinha medo de trovão, vivia chupando dedo Não montava num cavalo, não entrava no embalo dos jovens da região Tudo quanto ele tentava fazer, não se adaptava, era uma decepção João se preocupava com o futuro do filho Que não administrava nem uma broca de milho Certa feita viajou pra São Paulo e retornou com uma máquina possante Que adquiriu por lá para fabricar jabá de maneira interessante Quando chegou, sem demora, disse: "Joãozinho, vem cá Que eu vou lhe ensinar agora como é que se faz jabá: Você coloca o jumento naquele compartimento, aperta nesse botão Que ali do outro lado já sai tudo separado com a maior perfeição Naquela boca acolá, a carne já sai salgada Pronta para viajar, pesada e empacotada E ali daquele lado, que tem um cano encarnado com uma ponta comprida Sai lingüiça só da boa, pronta pra qualquer pessoa comprar e ser consumida." Depois de tudo entender, Joãozinho olhou para João E foi dizendo: "Paiê, e mudando a posição? Botando a lingüiça lá, vindo pro lado de cá, aqui pro compartimento E apertando no botão, prestando bem atenção, não vai sair um jumento?" Menino, quando João escutou isso pegou um ar desgraçado Disse: "Lata de feitiço! Analfabeto! Tapado! O único lugar que eu sei que a lingüiça eu coloquei e um jumento saiu, Foi na velha sua mãe, espia aí o tamanho do jegue que ela pariu!" Joãozinho ainda preparou-se pra fazer nova pergunta Mas o seu pai arretou-se, derramou-lhe uma vergunta de galha de catingueira, João estirou na carreira sem rumo ou itinerário O pai de velho morreu e Joãozinho não aprendeu operar o maquinário.
Compositor: Jose Amazan Silva (Amazan) ECAD: Obra #20726 Fonograma #9197195