Ei sertão, ei sertão É meu pedacinho de terra Minha vida, meu sertão
No sertão quando é bem de manhãzinha setanejo se acorda na palhoça Chama o filho mais velho para a roça a mulher toma conta da cozinha Faz o fogo de lenha e encaminha um guisado, angu quente ou fava pura E depois de fazer essa mistura sai faceira igualmente uma condessa Com um quibongo de barro na cabeça e vai levar aos heróis da agricultura
Ei sertão, ei sertão É meu pedacinho de terra Minha vida, meu sertão
No sertão a tarefa é muito dura mas se tendo a colheita, a criação Ferramenta da roça, produção uma rede, um grajau de rapadura Umas dez polegadas n cintura a viola, uma baú, uma cabaça A tarefa e um litro de cachaça mescla azul, botinão, chapéu, baeta Fumo grosso, espingarda de espoleta e um cachorro mestiço bom de caça
Ei sertão, ei sertão É meu pedacinho de terra Minha vida, meu sertão
É preciso ter muita paciência, guardar milho num quarto empoiolado Sustentar criação com alastrado numa terra que tem pouca assistência Trabalhar numa frente de emergência esperando o inverno que não vem Insistir, crer em Deus e tratar bem, manter sempre a família tão unida Do chão seco arrancar o pão da vida sertanejo faz isso e mais ninguém
Ei sertão, ei sertão É meu pedacinho de terra Minha vida, meu sertão
No verão quando o sol se desortina se escuta o zumbido das abelhas O balir melancólico das ovelhas o dueto dos passáros na matina O bonito alazão sacode a crina o vaqueiro abolando chama a rês Os canções gritam todos de uma vez acusando a presença da serpente Num concerto de música diferente da orquestra sinfônica que Deus fez
Ei sertão, ei sertão É meu pedacinho de terra Minha vida, meu sertão
E o traje do homem camponês quando sai pra uma festa ou para a feira A calça de mescla, uma peixeira um paletó listrado ou xadrez Umas botas de couro de uma rês para dançar forró enquanto é moço Um chapéu abalado, grande e grosso com uma pena qualquer de um passarinho E a medalha fiel do meu padrinho num rosário enfiado no pescoço
Ei sertão, ei sertão É meu pedacinho de terra Minha vida, meu sertão
Falar mal do sertão hoje eu não ouço não se entrega ao cansaço ou enxaqueca Um herói pelejando a seca contra a cheia combate sem sobrosso Respeita a moral de velho ou moçca também quer ver a sua respeitada Sem Brasil a América é derrotada com Brasil a América vale mil Sem nordeste o Brasil não é Brasil e sem sertão o nordeste não é nada
Ei sertão, ei sertão É meu pedacinho de terra Minha vida, meu sertão
Sem Brasil a América é derrotada com Brasil a América vale mil Sem nordeste o Brasil não é Brasil e sem sertão o nordeste não é nada
Compositores: Geraldo Amancio Pereira (Geraldo Amancio), Ivanildo Vila Nova, Jose Amazan Silva (Amazan) ECAD: Obra #719875 Fonograma #12613212