Eu tenho um vizinho rico fazendeiro endinheirado Não anda mais à cavalo só compra carro importado Eu conservo a minha tropa o meu cavalo ensinado O fazendeiro moderno só me chama de quadrado Namorando a mesma moça veja só o resultado
Um dia a moça falou: pra não haver discussão Vamos fazer uma aposta a corrida da paixão Grã-fino corre no carro você no seu alazão Eu vou pra minha fazenda esperar lá no portão Quem dos dois chegar primeiro vai ganhar meu coração
Ele calibrou os pneus apertou bem as ruelas Eu ferrei o meu cavalo que tem asas nas canelas
O grã-fino entrou no carro pulei em cima da sela Ele funcionou o motor e fechou bem as janelas Chamei o macho na espora bem por baixo das costelas Eu entrei pelos atalhos pulando cerca e pinguela Quando terminou o asfalto ele entrou numa esparrela Numa estrada boiadeira toda cheia de cancela Cheguei no portão primeiro dei um beijo na donzela Quando o grã-fino chegou eu já estava nos braços dela
O progresso é coisa boa reconheço e não discuto Mas aqui no meu sertão meu cavalo é absoluto Foi deus e a natureza que criou esse produto Essa vitória foi minha e do meu cavalo enxuto A menina hoje vive nos braços desse matuto
Compositores: Lourival dos Santos, Moacyr dos Santos ECAD: Obra #636345 Fonograma #1029991