Era fria tarde gente ia e vinha Algo me dizia fique em prontidão Não sei se sonhava mas era tudo muito cru Mais claro que a realidade e eu me sentia nu A nave estava pronta prá partir Da sacada eu avistava os aviões Um velho índio cachimbava por ali E apontava os delirantes nos salões Pessoas pouco saudáveis mas um tanto elegantes Eu lembrei da velha história do elefante branco De que servem aquelas pernas nas meias ligantes A compensar uns olhos cheios de cimento e pranto - E que olhos tão gritantes! Não sei se eles procuram a alma irmã Talvez pertençam a outro livro ou tempo ou chão Sem herói sem lei sem uma vida sã E a cada instante com mais um desejo vão Eu me perguntava sobre o que era o belo e a verdade Vendo leiloar-se um falso anel de camelô E vivi as grandes dores daquela cidade Gente sem ter onde ir e eu prá onde vou Vou... Não sei se é a chave da questão Mas senti um leve cheiro de hortelã E enquanto as naves turbinavam combustão O índio fez um rito curandeiro com seu clã
Compositor: Jose Antonio Franco Villeroy ECAD: Obra #12749968 Fonograma #585226