As Galvão
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Cabocla Tereza

As Galvão


"Lá no alto da montanha
Numa casa bem estranha
Toda feita de sapê
Parei uma noite o cavalo
Por causa de dois estalos
Que ouvi lá dentro bater
Apeei com muito jeito
Ouvi um gemido perfeito
Uma voz cheia de dor:
"Você, Tereza, descansa
Jurei de fazer vingança
Por causa do meu amor"
Pela fresta da janela
Por uma luzinha amarela
De um lampião quase apagando

Vi uma cabocla no chão
E um cabra tinha na mão
Uma arma alumiando
Virei meu cavalo a galope
Risquei de espora e chicote
Sangrei a anca do tal
Desci a montanha abaixo
E galopando aquele macho
O seu doutor fui chamar
Vortemo lá pra montanha
Naquela casinha estranha

Eu e mais seu doutor
Topei um cabra assustado
Que chamando nóis prum lado
A sua história contou"

Há tempo eu fiz um ranchinho
Pra minha cabocla morar
Pois era ali nosso ninho
Bem longe desse lugar
No alto lá da montanha
Perto da luz do luar
Vivi um ano feliz
Sem nunca isso esperar

E muito tempo passou
Pensando em ser tão feliz
Mas a Tereza, doutor
Felicidade não quis
Pus meu sonho nese olhar
Paguei caro o meu amor
Por causa de outro caboclo
Meu rancho ela abandonou

Senti meu sangue ferver
Jurei a Tereza matar
O meu alazão arriei
E ela fui procurar
Agora já me vinguei
É esse o fim de um amor
Essa cabocla eu matei
É a minha história, doutor

Compositores: Joao Baptista da Silva (Joao Pacifico), Raul Montes Torres (Raul Torres)
ECAD: Obra #186 Fonograma #3521

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