Eu peguei carona com meu pensamento Pelo túnel do tempo ele me levou Aos anos felizes da minha infância Na fazenda Esperança no interior Fiz uma parada nos meus oito anos E o meu cachorro me fez um carinho Eu desci correndo morro abaixo Até ao riacho nadar um pouquinho
E depois eu fui até o pomar Correndo e brincando, subindo a ladeira Matei minha fome lá no pé de ingá Tinha um sabiá lá na laranjeira Ouvi uma voz doce me chamando Era minha mãe dizendo é hora Notei pelo sol que era meio-dia Horário que ia sempre a escola
Peguei a sacola e beijei minha mãe Fui cortando atalho pela invernada Eu vi o meu pai montado o bragado Campeando o gado lá na baixada Levei uma flor pra minha professora E dos meus colegas matei a saudade Depois da aula fui embora correndo Era mais ou menos seis horas da tarde
Quando eu estava abrindo a porteira Já perto de casa alguém me ligou Era minha neta no celular Venha me buscar, vovô, por favor Desviando assim o meu pensamento Que me levou ao tempo de criança A gente nasce, cresce e envelhece Mas nunca esquece da nossa infância