De manhã estava garoando Eu tomei uma decisão Fui passear lá na mata fechada Fui andando até o espigão
Ao invés de uma foice ou machado Eu levei a viola na mão Fui fazendo alguns ponteados Na raiz de um angico encorpado Ali me sentei pra escrever esta canção
Com o tinido da minha viola Toda a mata até parecia Com o bailado nas ondas do vento Satisfeita me agradecia
Garboso o maestro araponga Os demais passarinhos regia Orvalhar das folhas verdejantes Parecendo pedras de brilhantes Nos raios do sol até reluzia
Encostado no tronco frondoso Cochilei até a volta do dia Tive um sonho tão emocionante E jurei quando dali saía
Angiqueiro temendo sua morte No sonho assim me dizia Um grande favor eu te peço Diga lá aos homens do progresso Através desta sua poesia
Eu sou a voz da floresta Este apelo estou lhes fazendo Quando a mata morre a água seca E vocês não estão percebendo
Sou uma árvore de grande porte Que as pequenas estou protegendo Se me cortam no chão eu desmaio E no tombo na hora que caio Arrebento com os brotos que estão crescendo
São os rios, matas e animais Que embelezam o nosso universo Vem o homem louco por dinheiro Ganancioso, maldoso e perverso
Mata a flora e acaba com os rios Terminando outra vez eu lhes peço Se a minha voz não for ouvida Continuem destruindo a vida Mas nunca em nome do tal do progresso
Compositor: Anilson da Costa Meireles (Anilson da Costa) ECAD: Obra #22248215 Fonograma #9285941