Avaré e Jataí

Homem

Avaré e Jataí


Meu filho deixei na berlinda
Peguei todo o ouro do cofre pra mim
Levei a merenda da escola
E o pão do balaio sozinho dei fim

Tomei todo o vinho da taça
Fiz tudo pra ser importante
Tirei ou joguei em desgraça
A família em família do meu semelhante

Bebi toda a água do pote
Levei meus irmãos ao flagelo
Traí a confiança do amigo
E fiz de areia meu próprio castelo

Menti pra ganhar os troféus
Pensei em matar e matei
Fugi do farol da verdade
A felicidade com ouro comprei

Sou eu
O bicho chamado de homem
Que fala e imagina que pode
Que pensa que sabe, acha que tem

Sou eu
Que sou, mas não sei ser humano
Que faz o que faz, mas esquece
Que aos olhos de Deus não escapa ninguém

Subi na escada da vida
Sem ver ou ouvir as pessoas que pisei
Deixei as crianças na rua
Dormindo no frio deste chão que sujei

Cravei o punhal da inveja
Na costa indefesa de quem me ajudou
Feri com ferrão do desprezo
A carne e a alma de quem me amou

Pensei que eu fosse o maior
Acima do bem e do mal
Joguei meu espírito fora
Na busca incessante do bem material

Tomei o lugar de Clarice
Sorri vendo o Paulo chorar
Segui na estrada invertida
Que o mestre Jesus me ensinou caminhar

Sou eu
O bicho chamado de homem
Que fala e imagina que pode
Que pensa que sabe, acha que tem

Sou eu
Que sou, mas não sei ser humano
Que faz o que faz, mas esquece
Que aos olhos de Deus não escapa ninguém

Compositor: Ademir Rico (Ademyr Rico)
ECAD: Obra #9982225 Fonograma #9209602

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