A rua sangra desde Caim e Abel Irmão matar irmão não é novidade aqui debaixo do céu A vida segue mais amarga que fel, somos réus A massa não enxerga nada além de um véu
Dizem que o mundo é mal, não viram um terço Suplicam por salvação, fazem orações, rezam terços Homens abandonam suas crianças no berço Quais serão as consequências? Quem vai pagar o preço?
O mal nos corações habita, o velho homem em nós ainda respira Humanidade caída, de Deus inimiga, a morte insiste em vencer a vida Coração vil, corrupto, incrédulo, engana O mesmo que odeia é o coração que ama
Amor mesquinho, egoísta, hipócrita, político Amamos a quem nos ama, morte aos inimigos Mais cifrões, menos valores, eis o drama Egos matam por poder, movidos por ganância
Mas e se houvesse amor, se de fato houvesse Amor Semearíamos mais vida, podaríamos a dor Onde estaria o opressor, o ódio, o rancor? Vocês não seriam o que são, eu não seria o que sou
Contemplaríamos todos os dias a morte do ego Não haveria mais lugar para omissão e pro desprezo Muitos querem o céu! Muitos querem é se eximir Contraditório olhar pro alto e se esquecer de quem vive aqui
Atores de um teatro de amores encenados Bastidores não ocultam dores dos dissimulados Na era digital o amor artificial Só tem sentido se for colocado em rede social
Nos prendemos a palavras que não querem dizer nada Ações são omissões quando vantagens não são dadas Castelos construídos com as pedras atiradas São os mesmos destruídos pra retribuir pedradas
Num era pra ser difícil conseguir manter o ofício Que foi dado pela pedra principal do edifício O problema é que o esquema da nossa mente pequena Entendeu que amar ao próximo é um grande dilema
Dispersos a verdade revelada e a intenção De mostrar que isso é mais que sentimento, é decisão Aquecer o iceberg que carregamos no peito Lembrar daquele ato na cruz que por nós foi feito
Assim está escrito e quem escreveu descreve "Quem não ama não conhece a Deus" que isso reverbere Sujeitos com seus predicados promovem ilusões É muito mais do que o poema do Luís Vaz de Camões
Paixões do ego humano catalisam mente esnobe Confundem com amor, mas é só sentimento pobre Cobra-se por ele, folha A4, um contrato Mas Amor aqui é só substantivo abstrato
Na Terra de conjuração de irmão em prol do mal Não temos tempo pra amar nem em conjugação verbal E pra sintetizar o argumento aqui exposto Sem amor apenas somos máquinas de carne e osso
Compositores: Willamys Souza Dias (Will Dias), Thiago Neiva Fonseca (Azorap) ECAD: Obra #31953841 Fonograma #29507761