(Dos pelegos eu faço a cama E o basto meu travesseiro E o fogo galponeiro É a coberta que me aquenta Me cai picumã nas ventas Levanto meio encarvoado Faço um mate bem cevado E pra firmar bem meu servido Eu como um feijão mexido Com soquete aferventado)
Se minha bombacha é remendada Ou são as marca de que ela guentou o repuxo É que na campanha ainda existe simplicidade É pra mostrar que o campeiro não tem luxo Se eu me levanto bem cedito Tendo um mexido pra mim é o melhor café Não me acostumo com essas comida moderna Bucho cozido pra um índio xucro é filé
Eu me criei à campo fora Ensinando e aprendendo Cresci assim desse jeito Campeiro não tem enfeite Meus versos não tem remendo
Se meus cabelos enfumaçado É que eu me aquento na moda véia campeira Moro pra fora e não abandono os costumes Índio campeiro não se aquenta em lareira E se a minha bota tá empoeirada Desfolada não é bota de passeio Furou o solado de calçar o pé no estribo Levando a corda num pelado de rodeio
Eu me criei à campo fora Ensinando e aprendendo Cresci assim desse jeito Campeiro não tem enfeite Meus versos não tem remendo
Se o meu poncho tá furado Dei uma rasgada numa camperiada no mato Em dia de chuva procurando gado alçado Entrincheirado no meio do alagado
Se meu tirador tá esfolado Pois são as provas das camperiadas que faço Já tá no fim judiado pelos janeiros Meio queimado de tironeada de laço
Eu me criei à campo fora Ensinando e aprendendo Cresci assim desse jeito Campeiro não tem enfeite Meus versos não tem remendo
(ÔÔ meu Rio Grande véio Sua história foi feito a casco de cavalo e a ponta de lança E não é qualquer um bombachinha estreita que vai mudar meus costumes, meu pago veio)