Quebrô minha adaga, to peleando só co toco De tudo um pouco me agarro de unha e dente Sô missioneiro, homem xucro e retovado Faço o passado se acoierá com o presente
Nas minhas andanças, trago as melena engraxada Bota empoeirada da braba lida campeira Meu tirador tá véio, quase em pedaço De manotaço de égua xucra e carboteira
De noitezito eu meto-lhe um trago no peito E já me deito no pelego sobre o chão Minha companheira é a noite escura estrelada De madrugada faço fogo no galpão
Rancho de barro, feito no sistema antigo E o cusco amigo latindo no parapeito Chaleira preta e um porongo bem cevado Chapéu tapeado como um sinal de respeito
O meu passado nunca me sai da lembrança Desde criança tenho a vida complicada De dia por dia virando cerro de arado Escuiambado de puxá o cabo da enxada
Minhas verdades hoje eu revelo cantando Cresci brincando nas costa do Riguati Uruguaiana, eu trabalhava o mês inteiro De peão campeneiro na estância de Indaí
E quando eu chego nas bailantas de Domingo Ato meu pingo debaixo de um cinamão Desde guri eu gostei muito de surungo E dum resmungo de cordeona de botão
E quando enxergo uma chinoca se assanhando Me provocando pra dançar, eu já convido Sendo solteira, ela se acampa nos meus braços Se for casada, se disquita com marido.