Me acorda nas madrugadas Um relincho de um cavalo E a goela forte de um galo Me faz saltar da tarimba Busco água da cacimba E faço um fogo de chão E cevo meu chimarrão Bem na estirpe campeira E vou conservar a vida inteira Minha estampa de galpão
O canto do galo me desperta cedo E no arvoredo canta a passarada Um berro de touro escavando terra E lá na mangueira berra a terneirada Escuto na sanga o grito de um jacú Já canta o nambú na mata cerrada Vejo a natureza coisa tão bonita Chega uma visita late a cachorrada
Eu sou um campeiro marcado do tempo Curtido à fumaça de um fogo de chão Em nossas andanças por onde passar Vamos conservar a estampa de galpão
Sou índio nascido no chão das missões E das tradições eu me sinto cativo Agradeço a Deus por nascer campeiro Sou peão galponeiro de pé no estrivo E por ser criado no meio do campo Eu canto e aprovo o que tenho motivo Honro a minha estampa e nossa tradição Não froxo o garrão enquanto eu for vivo
Eu sou um campeiro marcado do tempo Curtido à fumaça de um fogo de chão Em nossas andanças por onde passar Vamos conservar a estampa de galpão
Gosto da humildade não tenho arrogância De estância em estância meu verso se acampa Isto é o sistema que eu trago comigo O arroz é seco e a rapa é na tampa Ainda eu sou do sistema antigo Do feijão mexido e coalhada na guampa Defendo minha pátria com garra e civismo Nem o modernismo não muda minha estampa
Eu sou um campeiro marcado do tempo Curtido à fumaça de um fogo de chão Em nossas andanças por onde passar Vamos conservar a estampa de galpão