Eu nunca pedi mixiga Nem pra patrão nem pra milico Por isso ninguém me obriga A ser pelego ou pinico Não choro por rapariga Nem tiro o chapéu pra rico E onde a minha gaita choraminga Eu ganho a vida no bico E onde a minha gaita choraminga Eu ganho a vida no bico
Jamais arrotei grandeza Pois fortuna não me encanta Porque a minha riqueza Deus já me deu na garganta Sou mais um que vira a mesa E faz chover quando canta Pois pra pelear com a tristeza A minha voz se levanta Pois pra pelear com a tristeza A minha voz se levanta
Sou do Rio Grande do Sul E por isso eu não me calo Por entre o verde e o azul Em qualquer parte me instalo Onde não querem que eu cante Meu canto vai de a cavalo Levando a noite por diante Igual ao canto do galo Levando a noite por diante Igual ao canto do galo
Pra da linho ou pra tirão Quando a dita se escancara Não saio queimando pano Pra ver a coisa mais clara No sufoco eu me abano Faço soltar as amarra Atrazanando o fulano Com acordes de guitarra Atrazanando o fulano Com acordes de guitarra
Por bem me leva a guaiaca Fico liso sem um pila Porém a ponta de faca Ninguém me tira da trilha E afinal não tenho marca Nem herança de família Porque um dia eu nasci guasca No lombo destas coxilhas Porque um dia eu nasci guasca No lombo destas cochilas