Moro na campanha e me levanto cedo Pisando no orvaio E ao pé do borraio eu aquento a chaleira Num fogo de chão Enquanto eu mateio relincha o meu pingo Na estrebaria Encilho ele no clarear do dia E já vou saindo pra lida de peão Salto para o arreio e a minha cachorrada Vão no meu costado Levo sal pro gado boto no rodeio E desato meu laço Pra capar algum touro curar alguma vaca Tenho municiado Boto tabuleta na terneirada Sou peão caprichoso naquilo que faço
De pura quarqueja fiz uma vassoura E varri o galpão Pra quentar o chimarrão truxe um pau de fogo De cerne de angico Traquei a porcada busquei as oveia e também a tropilha Botei os arreio na égua tordilha E pra forjar o lombo eu deixei no bico
Troquei os istão que estava quebrado na velha mangueira Arrumei as porteira soquei os palanque da cerca caída Atei meu cavalo e entrei de apé pelo banhadal Levantei a vaca no manancial que estava atolada Já quase sem vida
Em dia de chuva eu engraxo as corda E tiro algum tento Se clareia o tempo é de certo que estou De pingo encilhado De um resto de sebo que tinha sobrado de um gordo churrasco Aquentei bem e queimei os casco do meu piqueteiro Que estava estropiado E cerrei os cavalo e deixei tudo de casco aparado Dosei bem dosado rasquetiei o lombo E ajeitei o toso E o meu patrão eu jamais adulo e trato com respeito E por fazer o serviço bem feito Me considera um peão caprichoso (2x)