Na rua todo mundo passa Mas ninguém se enxerga O farol apagado Na esquina o assalto
Um salto pra morte A morte na rua caminha à vontade A vontade da gente é andar nas calçadas
Não tem calçada pra nós Tenho que andar na rua
Trabalho à vontade o comércio fatura milhares Os milhares caminham sempre com pés descalços Parados deitam nas calçadas o governo passa O progresso avança sobre os ombros mais fracos
Não tem trabalho pra nós Em lugar nenhum Tenho que andar na rua
Precisamos crer para poder ver Que as estatísticas afetam pobres Temos tragédia só na classe nobre Que nobremente se mantém ausente Enquanto vidas desfavorecidas Buscam saídas em qualquer sinal Despertaremos os candangos petrificados em brasília Para marcharem com os artistas travestidos de ativistas Que ignoram o fulano, que já matou o ciclano Por não ter carro do ano, que cata xepa na feira Só pra vestir cavalera, pra se sentir bem melhor Ignorar o problema é aumentar o problema
Tenho que andar Tenho que trabalhar na rua Eu tenho que morar na rua Me conformar com a rua
Compositores: Carlos Wallace da Silva Cruz, Iolanda de Souza Amancio ECAD: Obra #22010936