("-senhorita, eu preciso falar com o médico É caso urgente Pois não, um minutinho só, doutor! Sim, qual é o problema? Doutor, no meu carro tem um rapaz Que sofreu um acidente de automóvel E está entre a vida e a morte Precisando urgentemente de seus cuidados Eu o socorri na estrada e não o conheço Vê o que o senhor pode fazer por ele Tá muito bem, só que o senhor terá Que depositar quinhentos cruzeiros Para os devidos tratamentos Em caso contrário não vou cuidar De uma pessoa estranha E que não tenha ninguém por ele Mas doutor eu apenas estou cumprindo O meu dever É se o senhor não tiver dinheiro Aconselho que o senhor leve a vítima Para outro hospital Está bem se é que o senhor exige Uma certa quantia para salvar uma vida Eu vou tentar arrumar o dinheiro Bem sendo assim pode trazer o rapaz")
E o moço acidentado foi pra mesa do hospital Sentindo muitas dores, seu estado era mal Agravou-lhe o sofrimento e parou seu coração E assim ele morreu dentro daquele hospital Como se fosse indigente Sem ninguém lhe pôr as mãos
O rapaz do automóvel Quando voltou com o dinheiro Entregou àquele médico os quinhentos cruzeiros O doutor se preparou para atender o ferido Mas a sua enfermeira transmitiu-lhe este aviso Que o moço acidentado já havia falecido
O doutor disse à enfermeira Me entregue os documentos Pra cuidar do laudo médico e do sepultamento A surpresa foi tão grande Que o doutor quase morreu Deu-se ali grande tristeza Pois aquele moço estranho Que o doutor não deu socorro Era o filhinho seu
Disse o médico chorando Me desculpe caro amigo Por um erro irreparável Perdi meu filho querido Que isto sirva de exemplo Para os meus companheiros Foi cruel o meu castigo e agora reconheço Que perdi meu filho amado Só por causa do dinheiro
Compositor: Osvaldo Franco (Dino Franco) ECAD: Obra #6383525 Fonograma #4010799