A minha viola quando sai lá do terreiro Segue caminho que vai dar no estrangeiro Volta para casa com as novas de além mar Mas não perde o jeito que aprendeu no seu lugar
Sou só um dos filhos de quem toca essa viola Aquele que cresceu em meio a poesia e prosas Na função sonora, cultura notas e cordas Filosofias, histórias falam de índios e memórias Povo sofrido, humilde gente de bem Desbravadores do mundo cantigas vem do além Riqueza trouxe e com ela irei embora Pois "é aqui que mora lane, bilora, os minino e a viola"
Quando eu toco a minha viola O vento que lá de fora Batendo no peito e aqui no meu cantar A batida é do mundo inteiro É do congo é do povo mineiro A canção é do vento e de quem acalentar
Vou jogar um verso na quadra da lua cheia Pra se ouvir bem longe a versão de minha aldeia A canção viaja no meu peito sonhador De onde ela veio é pra lá que eu também vou
Filho de violeiro bem que eu queria tocar Peguei da melodia as letras e fui rimar Exemplo de vida, espelho reflexão Queria ser igual meu pai: Caneta e papel na mão Acho que sou um calango na cidade perdido ou não Periférico do água branca urbano como o meu sertão Na embolada sertaneja é o que mais importa Como o tempo das águas pra regar a natureza morta