Não me calo pra injustiça Não rejeito o desprezado Não aponto um dedo que vem outros quatro me apontar
Não desvio dos valores que preenchem o meu seio Não me vendo nem por um milhão e meio
Não zombe do meu sotaque Não me venha com ataque Que sem levantar minha voz e me faço escutar
E enquanto você me julga Não tente apagar minha luz Mas deixe que eu faço o meu cuscuz
Eu me reconheço errante E aprendi a perdoar Quem do erro do outro sou eu pra julgar?
Vou fazendo a minha parte Espalhando compaixão Onde há falsidade eu sou só coração
Eu sou Nordestino Gentil, educado E amo a cultura De cada estado Repare, são nove Sou miscigenado E tenho orgulho De ser misturado
Misturo o brega O funk, o xaxado Misturo o Axé Com forró arrochado Misturo repente Com Jorge Amado E surfo nas ondas Do sertão rachado
Quem parte daqui Peleja dobrado Pra ter o direito De ser respeitado Mas o preconceito Já estruturado Agride, maltrata Por tudo que é lado Gritando o sussurro Do ódio velado Igual faca cega De corte afiado
Por isso meu verso é punhal amolado Que fura, que grita Não fica calado Não baixa a cabeça Não é dominado E nessa batalha sou pós-graduado Quem quer me tombar Acaba tombado
Não há nada que ensine mais que a simplicidade E a peixeira que corta o mal É a sinceridade
Mainha desde muito cedo sempre me dizia Por onde andar eu te peço, minha filha Ande junto com a verdade
E eu fui crescendo e valorizando amizade Pois sei maquiar meu rosto Mas não a personalidade
Mais que Romeu ama Julieta Eu amo meu Nordeste Não esqueça, o meu nome é Juliette
Eu me reconheço errante E aprendi a perdoar Quem do erro do outro sou eu pra julgar?
Vou fazendo a minha parte Espalhando compaixão Onde há falsidade eu sou só coração