Bruna Ene

Errante

Bruna Ene


Não me calo pra injustiça
Não rejeito o desprezado
Não aponto um dedo que vem outros quatro me apontar

Não desvio dos valores que preenchem o meu seio
Não me vendo nem por um milhão e meio

Não zombe do meu sotaque
Não me venha com ataque
Que sem levantar minha voz e me faço escutar

E enquanto você me julga
Não tente apagar minha luz
Mas deixe que eu faço o meu cuscuz

Eu me reconheço errante
E aprendi a perdoar
Quem do erro do outro sou eu pra julgar?

Vou fazendo a minha parte
Espalhando compaixão
Onde há falsidade eu sou só coração

Eu sou Nordestino
Gentil, educado
E amo a cultura
De cada estado
Repare, são nove
Sou miscigenado
E tenho orgulho
De ser misturado

Misturo o brega
O funk, o xaxado
Misturo o Axé
Com forró arrochado
Misturo repente
Com Jorge Amado
E surfo nas ondas
Do sertão rachado

Quem parte daqui
Peleja dobrado
Pra ter o direito
De ser respeitado
Mas o preconceito
Já estruturado
Agride, maltrata
Por tudo que é lado
Gritando o sussurro
Do ódio velado
Igual faca cega
De corte afiado

Por isso meu verso é punhal amolado
Que fura, que grita
Não fica calado
Não baixa a cabeça
Não é dominado
E nessa batalha sou pós-graduado
Quem quer me tombar
Acaba tombado

Não há nada que ensine mais que a simplicidade
E a peixeira que corta o mal
É a sinceridade

Mainha desde muito cedo sempre me dizia
Por onde andar eu te peço, minha filha
Ande junto com a verdade

E eu fui crescendo e valorizando amizade
Pois sei maquiar meu rosto
Mas não a personalidade

Mais que Romeu ama Julieta
Eu amo meu Nordeste
Não esqueça, o meu nome é Juliette

Eu me reconheço errante
E aprendi a perdoar
Quem do erro do outro sou eu pra julgar?

Vou fazendo a minha parte
Espalhando compaixão
Onde há falsidade eu sou só coração

Letra enviada por null

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