Bruno e Ricardo Primo

Peão da Cidade

Bruno e Ricardo Primo


Eu vi com meus próprios olhos
Foi num circo de rodeio
Na chegada dos peões
Que vieram pro torneio
Soltaram tanto foguete
Que fizeram um bombardeio
Na hora da montaria
Que o negócio ficou feio
Soltaram um burro famoso
Que nem sei da onde veio
Era só sentar no lombo
Cada pulo era um tombo
Ninguém esquentou o arreio

Surgiu um moço granfino
No meio da multidão
Pelo traje eu vi que era
Um homem de posição
Cabelo bem penteado
E roupa de exportação
A unha bem esmaltada
E anel de ouro na mão
Pra montar naquele burro
Foi pedindo permissão
Pode ser que também caia
Mas pretendo dar trabalho
Pra fama desse burrão

Os peões que beijaram a terra
Falaram com prevenção
Se esse granfino a montar
Pode a preparar o caixão
Os granfinos da cidade
Quando quer bancar o peão
Não para nem amarrado
No lombo de um pagão
O burro tirou do lombo
Barbado da profissão
Não foi um e nem foi dois
Vamos ver o pó de arroz
Bater a cara no chão

Granfino entrou na arena
Calçou a espora de prata
Jogou o paletó na cerca
E apertou bem a reata
Sentou no lombo do burro
Bambeou o nó da gravata
Cortou o burro na espora
E foi batendo de chibata
O burrão caiu de costas
Quase que ele se mata
O moço saltou de lado
E o burrão ficou deitado
Em cima das quatro patas

Ganhou aplauso do povo
Ganhou beijo das meninas
O granfino contou a vida
Bebendo numa cantina
Eu já fui peão de fama
Lá no Estado de Minas
O dinheiro do papai
Que mudou a minha sina
Eu tenho na minha casa
Diploma da medicina
Tô morando na cidade
Mas sinto grande saudade
Que até hoje me domina

Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Moacyr dos Santos
ECAD: Obra #6236 Fonograma #253744

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