Velho Berrante
Peço por favor que me ouçam atento
Um depoimento bastante sentido
Faz parte de um caso muito recente
Que me deixou doente e até combalido
Depois de perder quase toda família
Com a minha filha resolvi morar
Para não pesar muito na despesa
Fazia limpeza de todo o seu lar
Lavava o carro , limpava o jardim
Aquilo pra mim era muito estafante
À noite deitado em minha rede,
Via na parede meu velho berrante
Recordava os tempos das grandes labutas
Foram muitas lutas pra um homem sozinho
Olhando o berrante ali pendurado
Lembrava o passado e chorava baixinho
Minha filha um dia num ato bem rude
Tomou uma atitude que me abalou
Tirou da parede meu velho berrante
No lixo distante a malvada jogou
Me disse depois num cruel desafeto
Esse objeto não vai ver mais não
Eu o retirei de onde ele estava
Pois não combinava com a decoração
Eu falei pra ela naquele instante
Com esse berrante cortando estrada
Que eu sustentei você na cidade
Com dificuldade pra lhe ver formada
Sabia que eu era um ignorante
Só tinha o berrante pra ganhar a vida
Queria um dia filha adorada
Te ver estudada e bem instruída
Minha filha, agora com esse seu gesto
Enfim eu atesto que foi tudo em vão
O que eu e sua mãe passamos na vida
Foi luta perdida sem compensação
Agora eu dispenso este seu abrigo
Sou muito antigo, sua casa é mansão
Nasci pra viver no pó da estrada
Eterna morada do um velho peão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Hamilton Inacio Carneiro (Hamilton Carneiro)
ECAD: Obra #1161092 Fonograma #2553643Ouça estações relacionadas a Cacique e Pajé no Vagalume.FM