Amigo é feito casa que se faz aos poucos E com paciência pra durar pra sempre Mas é preciso ter muito tijolo E terra preparar reboco, construir tramelas Usar a sapiência de um João-de-barro Que constrói com arte a sua residência
Há que o alicerce seja muito resistente Que às chuvas e aos ventos possa então a proteger E há que fincar muito jequitibá e vigas de jatobá E adubar o jardim e plantar muita flor toiceiras de resedás Não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar que os cabelos brancos vão surgindo que nem mato na roceira que mal dá pra capinar e há que ver os pés de manacá cheínhos de sabiás
Sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis Choro de imaginar! Pra festa da cumieira não faltem os violões! Muito milho ardendo na fogueira e quentão farto em gengibre aquecendo os corações A casa é amizade construída aos poucos E que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara e altas platibandas Com portão bem largo que é pra se entrar sorrindo nas horas incertas Sem fazer alarde, sem causar transtorno Amigo que é amigo quando quer estar presente Faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar Se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha E oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete Oferece pra gente o melhor que tem E o que nem tem, e quando não tem Finge que tem, faz o que pode E o seu coração reparte que nem pão
Compositores: Herminio Bello de Carvalho, Lourenco da Fonseca Barbosa (Capiba) ECAD: Obra #31184510