Tem dias que eu fico triste com os ares do mê de agosto Coração fica amarrado e o pranto rola no rosto Eu que éra tão alegre pra tudo eu éra disposto Hoje eu vivo aborrecido pra mais nada tenho gosto Os prazeres pra mim morreram hoje só resta desgosto Quando eu escuto dois peitos cantando aduetado De tanto que eu apreceio chego a sonhar acordad No espelho da mente eu vejo a terra que eu fui criado E os tempos da mocidade que sempre será lembrado E os anos se encarregaram de sepultar no passado Vejo as noites de luar e as campinas orvalhadas As estrelas sintilantes no romper da madrugada Rojão subindo pros ares e as festanças animadas E os catireiros dançando de bota e espora prateada Eu com a viola no peito cantando modas dobradas Vejo os parentes e amigos e os meus pais que eu tanto quis Nós ali tudo reunido naquele mundão feliz Agora no fim da vida lembrando tudo o que eu fiz A malvada da saudade no peito faz cicatriz Quanto mais quero esquecer mais ela cria raiz Neste mundo de ilusão nossa vida é uma estrada A morte é o maior presente pra quem não espera mais nada Feliz de quem já venceu a mais longa caminhada Já não sente mais no peito as profundas punhaladas E o punhal da saudade crava na mente cansada
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Moacyr dos Santos ECAD: Obra #937627 Fonograma #3572654