Clarice Falcão
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Qualquer Negócio

Clarice Falcão

Monomania


Me deixa ser quem faz o laço
Da gravata do mordomo
Que te serve o jantar
Me deixa ser o suporte
Que segura a tela plana
Da sua sala no lugar

Me deixa usar o pé pra equilibrar
Aquela mesa bamba que você
Aposentou há mais de um mês
Me deixa ser a sua estátua de jardim
O seu cabide de casacos
Só não me tira de vez da sua casa

Eu posso ser a empregada
Da empregada da empregada
Da empregada do seu tio.

Me deixa ser o seu pinguim
De geladeira
Eu fico uma semana inteira sem mexer
Me deixa ser o passarinho do relógio
Que de hora em hora pode aparecer
Pra eu te ver

Me deixa ser quem passa a calça que você
Precisa usar no seu jantar
À luz de velas com alguém
Me deixa ser quem deixa vocês dois de carro
Em um restaurante caro
Só não deixa eu ser ninguém na sua vida

Eu posso ser a empregada
Da empregada da empregada
Da empregada da empregada
Da empregada da empregada
Da empregada do seu tio.

Compositor: Clarice Franco de Abreu Falcao (Clarice Falcao)
ECAD: Obra #7206874 Fonograma #3145548

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