Eu me auto desconjuro, amor Fui lascivo à sua inocência Eu que fiz unânime a dor Nunca julgue pela aparência
Sou tabelião e reconheço o mal Foi golpe baixo, ilusão Recurso corporal Nem sei se a queda fui eu que dei Ou que tomei Se reprisar na mente Verás, trapaceei
E, porém, se for possível a paz Vou na via dessa descoberta Se for sina e ainda assim gilváz Iminente, bem na hora certa
Eu fiz sem saber, foi pura necedade Mas o bel-prazer é cópia da maldade E esse sofrer causa decrepitude Joga a juventude pro ar Nesse cafarnaum a gente se ilude Como é que eu pude distar Só quis zoar, zurzir, mas também me feri
Agora sim, sou alvo fácil pra dor Você não está aqui, só no hospital eu vi Que é minha a culpa, pela falta de amor
Olha, eu juro, não quis te ferir Mas eu não estava sóbrio Sei que é difícil de engolir Mas nada está tão óbvio
Olha, eu juro, não quis te ferir Nem sei se era eu próprio Mas me machuquei ao perquerir Notei o meu opróbrio
Ou vou esquecer E deixar que essa culpa Invada a alma pra perdurar E dizer mais o quê, se você não está? Se a própria morte faz a vida condenar
Compositor: Claucirlei Jovencio de Souza (M.c. Buchecha) ECAD: Obra #217874