quando esse povo nordestino chora nem do olho não lhe aflora um fio d'água pra molhar a mão sua mágoa é seca que nem o sertão na cacimba rude que cavou no chão do seu coração
quando esse povo nordestino chora até do solo da viola sai poeira sai desolação som de enxada em pedra é o timbre desse som som de caburé grito de gavião
voz de carcará zunido de facão mistura de cordel, cangaço e procissão gemido de mulher, vôo de arribação ronco de barriga, guincho de pulmão guizo de cascavel rodamoinho no couro do gibão lamentação choro nordestino é só lamentação ponteado pelo gargalhar do cão é muito mais cruel a dor desse cristão por isso dói mais fundo quando o povo nordestino chora
é feito corte de mandacaru no braço e essa ferida se estancar com sal é feito em talho dado com facão de aço cuspir veneno de cobra coral é feito o pé do cidadão criar inchaço e por na bolha a brasa de um tição é feito carregar no peito um estilhaço da bala do rifle de lampião
Compositores: Claudio Jose Moore Nucci (Claudio Nucci), Paulo Cesar Francisco Pinheiro (Paulinho Pinheiro) ECAD: Obra #14099644 Fonograma #665995