tá na hora, tá na hora de parar para pensar; Somos Consciência Humana porra; E não brincamos de cara e coroa por que; Somos da periferia da zona leste de São Paulo; E estamos acostumados a conviver com má notícia; Assassinatos causados por gangues de polícia; Na Avenida São Miguel 3 corpos foram encontrados fuzilados; RDS, MOL e CGP; Que aparentava menores de 18 anos todos de cor parda; E foi mais um fato que com certeza; Por muitos foi esquecido, talvez menos por nós; Por termos sido criados no meio da maldade; Onde matar é honra de sua personalidade; E eu vou, vou citar alguns nomes pra vocês acreditarem; Pé de Pato, Cabo Bruno, Conte Lopez passaram por lá; "Cheios de razões e calibres em punho"; Somente pra matar, somente pra matar; Apavoraram as ruas noturnas de São Mateus; Pequeno e pobre, humilde mais um bairro meu; E lá não há conforto sim; Existe fome, miséria, morte, moquifo; Somente sufoco e tristeza espalhados; Por todos os lados, por todos os lados; E as crianças não são mais crianças são drogados; Não brincam mais de pega-pega; Correndo dia e noite pelos becos da favela, sim; Se misturaram com alguns tipos esquisitos; Que não são nada bons, só trazem maus incentivos; Usando eles como Office-boys da malandragem; Por um papel eles fazem diversas viagens.
Ensinados a viver de um modo totalmente errado; Não são mais obedientes e sim malcriados; Não sonham mais com o futuro; Não andam no claro, flutuam no escuro; Brincam de tiro ao alvo com uma latinha no morro; E de repente o alarme "tem rato cinza na área"; A brincadeira já era, todos apavorados saem no pinote; Escaparam mais uma vez, eles deram a sorte; Mas mesmo assim não escaparam do perigo; Tem rato pra todo lado pra cruzar nossos caminhos; Em cada canto da cidade tem uma favela; Assim dizia o ditado, mas; Em São Mateus tem favela espalhada pra todos os lados; Se correr o bicho pega, se ficar extermínio some; Por que primeiro matam pra depois saber seu nome; Sendo assim paz nunca mais.
Com a paz sempre sonhei, paz, paz nunca mais; Com a paz sempre sonhei, paz, paz nunca mais.
Estamos sujeitos á tudo no mundo escuro; Afastados de todos de tudo e próximos da polícia; Nos tornando as vítimas de justiceiros; Na madrugada pra morrer basta apenas ser preto ou pobre suspeito; Tiram os nossos direitos de viver em paz, paz; Paz nunca mais.
Olha a porra da polícia agindo novamente; Em cima de inocentes; Sempre arrumam pretexto para um tiroteio; Onde mataram um sujeito que não devia nada; Ou talvez quase nada; tá certo que eu sabia que ele não era santo; Também sabia que não estava envolvido; Naquele que o insultou; Dia 26 de Março de 94 foi assassinado; Com dois tecos no peito um na cabeça lá se foi o Renato; Cocorã outro assassinato, nada justificado; Ficou só nos comentários, mais um arquivo fechado.
Compositor: Altay Velloso da Silva (Altay) ECAD: Obra #25899 Fonograma #573623