Craveiro e Cravinho
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Gente Que Ouve A Gente

Craveiro e Cravinho


Nesta moda sertaneja eu quero dizer cantando.
Ao povo dos quatro cantos da minha grande nação.
Peço a quem está me ouvindo não ficar aborrecido.
É mensagem pra cidade elogio pro sertão.
O cavalo troteador é o carro do roceiro.
O televisor é a serra que desenha o horizonte.
A caneta pena de ouro é uma enxada cortadeira.
Sua água encanada é a água de uma fonte.

O artista seresteiro pra ele é um sabiá.
O bolero citadino é uma linda toada.
A cigarrilha de filtro é um cigarro de palha.
A luz forte de mercúrio é a lua prateada.
O relógio da matriz é o galo no puleiro.
A flor que enfeita a sala é uma cabocla donzela.
Que namora só em casa dando exemplo de pureza.
Fica noiva e se casa no altar de uma capela.

Em vez de um fogão a gás é um velho fogão de lenha.
O camarão no espeto é uma costela de vaca.
A sua rua asfaltada é uma estrada de terra.
A espada do roceiro é um palmo e meio de faca.
Seu escritório contábil é a roça no serrado.
E a sua faculdade é uma escola rural.
Onde vão todos os filhos aprender o abecê.
Pra elevar a cultura da família nacional.

O prédio de vinte andares é uma casa a beira-chão.
Sua piscina de banho é uma serena lagoa.
O seu jogo de bilhar é um velho jogo de malha.
A respeitável madame é uma humilde patroa.
Terminando por aqui a minha comparação.
Eu afirmo que o roceiro tem sua vida feliz.
É um soldado voluntário na batalha do progresso.
É gente que ouve a gente por todo esse país.

Compositores: Osvaldo Franco (Dino Franco), Bento Araquara
ECAD: Obra #47838 Fonograma #9044668

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