Nesta moda sertaneja eu quero dizer cantando. Ao povo dos quatro cantos da minha grande nação. Peço a quem está me ouvindo não ficar aborrecido. É mensagem pra cidade elogio pro sertão. O cavalo troteador é o carro do roceiro. O televisor é a serra que desenha o horizonte. A caneta pena de ouro é uma enxada cortadeira. Sua água encanada é a água de uma fonte.
O artista seresteiro pra ele é um sabiá. O bolero citadino é uma linda toada. A cigarrilha de filtro é um cigarro de palha. A luz forte de mercúrio é a lua prateada. O relógio da matriz é o galo no puleiro. A flor que enfeita a sala é uma cabocla donzela. Que namora só em casa dando exemplo de pureza. Fica noiva e se casa no altar de uma capela.
Em vez de um fogão a gás é um velho fogão de lenha. O camarão no espeto é uma costela de vaca. A sua rua asfaltada é uma estrada de terra. A espada do roceiro é um palmo e meio de faca. Seu escritório contábil é a roça no serrado. E a sua faculdade é uma escola rural. Onde vão todos os filhos aprender o abecê. Pra elevar a cultura da família nacional.
O prédio de vinte andares é uma casa a beira-chão. Sua piscina de banho é uma serena lagoa. O seu jogo de bilhar é um velho jogo de malha. A respeitável madame é uma humilde patroa. Terminando por aqui a minha comparação. Eu afirmo que o roceiro tem sua vida feliz. É um soldado voluntário na batalha do progresso. É gente que ouve a gente por todo esse país.