Abre a cordeona gaiteiro, deixa de manha Me dá um trago da tua canha, porque esta é de barril Toca uma marca daquelas bem caborteira Com sotaque da fronteira, lá do garrão do brasil
Toca gaiteiro que tu é dos bons, percebo Enquanto tu toca eu bebo, comigo não tem mistério Quero dançar, mas me encabula e me apavora E enquanto não chega a hora, mais um trago pro gaudério
(bebo a vontade, gasto os pilas e me desfalco E passo a noite solito, dançando em frente do palco O povo todo ri, me chamam de lacaio Só vêem os tragos que eu bebo não vêem os tombos que eu caio)
Termina o baile vem o dia, eu tô borracho Nem o meu caminho eu acho, reconheço que eu tô feio Saio pra fora e até com os parceiro resingo Nem mesmo meu próprio pingo, deixa eu chegar nos arreios
Sigo agarrando na parede, palmo e passo Tropicando num balaço, vou mais ou menos assim Cabeça zonza e as pemas frouxas, me atrasa Termina o canto da casa e acaba o mundo pra mim
Chego na estância, manhã de segunda-feira O capataz lá na mangueira e manda encilhar o xaveco É um burro zaino e prá montar nele me custa Dá um coice faz que se assusta e sai vendendo meus tareco
A lida é braba, mas eu gosto desta vida Não pode é faltar bebida, pra quem bebe a revelia Gaiteiro bom toca de ouvido a noite inteira E pra farrancho e borracheira, nunca faltou parceria
Compositor: Joao Batista dos Santos (Crioulo Batista) ECAD: Obra #260300 Fonograma #26613475