Crioulo Batista
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Paraná Dos Meus Encantos

Crioulo Batista


Eu não sei se o tempo passa
Ou nós passamos no tempo
Mas vou lhes dar um exemplo
Mescla de sombra e fumaça
É essa mistura de raça
Onde a tradição impera
O passado marca a era
Na pedra da antiguidade

E trás de volta a saudade
Com cheiro de primavera
Vejo o Paraná passado
Na sua primeira imagem
Vejo o índio de coragem
Num trancão abarbarado
De adaga, lança e machado
Riscando nossa divisa

Hoje a gente memoriza
A sua origem gaudéria
Como uma sangria seria
Que nunca mais cicatriza
Paraná de tanta glória
Das mais diversas andanças
Que cresceu como uma criança
Na mais linda trajetória

E está na nossa memória
Nos costumes do teu povo
Mas é o índio sem retovo
Da velha cepa bravia
Hoje é uma simples poesia
Na goela de um cantor novo
Até o meu mate bueno
Que chamamos chimarrão
Foi do índio a invenção

Do estimulante sereno
Parece um contra veneno
Que deixa a gente a vontade
Esta seiva de amizade
Que todos nos conservamos
Do índio também herdamos
Esta hospitalidade
A primeira vila nasce
Do calor dos entreveros
Deram o nome Ontíveros

E como se não bastasse
Veio a catequese, a classe
Eles não eram ateus
E ante aos costumes seus
Sem sombra de renda ou lucro
Impuseram ao índio xucro
A santa palavra de Deus
Seguiu crescendo a lo largo

Meu Paraná caborteiro
Venho o mortax, o tropeiro
Capitão cheio de encargo
Bebeu deste mate amargo
Espumoso que nem baba
De tropas mansas e brabas
Que enriqueceram esse chão
Dos campos de Viamão
Pra feiras de sorocaba

Um tal de Eleodoro Ébano
Fez o que ninguém derruba
Ergueu a vila Coriotuba
Neste torrão tão buerano
Dizem que foi um vaqueano
Que vivera ali, queria
E trabalhou noite e dia
Naquele sonho de fibra
Nasceu assim Curitiba
Capital da ecologia

Paraná, graça e beleza
Terra extraordinária
Capital das araucárias
E tudo quanto é riqueza
Vejo em teu povo a nobreza
Teus rios de águas correntes

Imigrantes remanescentes
Dos que vieram do além mar
E se emocionam ao pronunciar
Terra de todas as gentes
O Paraná é um celeiro
De progresso e de fartura
O que vem da agricultura
Vai até pra o estrangeiro
Na pecuária, um exagero
Gado bom a reveria

Vem nos visitar um dia
E conosco se entrelace
Que aqui o que se planta nasce
Tudo que nasce se cria
Convido o sul brasileiro
E todo o resto na nação

Prove o barreado, pinhão
Dance o fandango primeiro
Vem ver um rodeio campeiro
Prove um doce de mamão
Vamos te aguardar, então
Pra que um dia nos visite
Fica aqui este convite

Na forma do coração
Vem conhecer o Paraná
Das loiras, da mulatas
Venha ver as cataratas
O porto de Paranaguá

Venha pro lado de cá
Ver de perto um povo ordeiro
Sentir o vento pampeiro
Por esses campos do sul
E o canto da gralha-azul
Lá na copa do pinheiro

Nas praias do litoral
A mulher beleza poema
E nas termas de Jurema
Água quente sem igual
Vila Velha, o postal
De visão maravilhosa
E a Itaipu majestosa
Ali tu vai te encantar

E a linda serra do mar
Pela estrada da graciosa
Velho torrão legendário
Que orgulha esta nação

Sei que foi pobre a canção
Mas conclui o sumário
E neste simples glossário
Depois de tantos e tantos
Pedi pra todos os santos
Da divina providência
Que abençoe esta querência
Paraná dos meus encantos

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