Donde vem Rodrigo, Donde vem Gonçalo, De sachar o milho, De mondar o prado.
Seja diligente Quem amor semeia, Que quem não grangeia Não colhe a semente. Semeou Rodrigo, Semeou Gonçalo, Haverão do milho Se mondam o prado. Quem de amor se esquece No tempo de verde, Não colhe o que perde Entre erva que crece, Por isso Rodrigo, Por isso Gonçalo, Vão sachar o milho, Vão mondar o prado. Amor que aproveita, Se antes de gradar Cresce em seu lugar Ciúme e suspeita, Triste de Rodrigo, Triste de Gonçalo, Mal por seu cuidado, Se não sacha o milho, Se não monda o prado. Amor que ficou Em terra deserta Colhe quem acerta, Não quem semeou. Semeou Rodrigo, Semeou Gonçalo, Para haverem o milho Cumpre haver cuidado. Em terra mimosa Ninguém faça escolha, Vai-se o grão na folha, De muito viçosa. Gonçalo e Rodrigo, Cumpre ser lembrado, De sachar o milho, De mondar o prado.
Se a alma te reprova William Shakespeare/Custódio Castelo
Se a alma te reprova eu venha perto, Jura à cega, que o teu ardor eu fosse; Ardor tem, como saber, sítio certo, E assim me enchas, amor medida doce. Ardor enche de ardor a amor teu cofre, Ai, lardeia-o de ardor!, e ardor do apronto E bem prova que em vazadouro sofre Se o número é grande, eu só não conto. Então que eu passe em grupo ser visto, Sendo um nas cotas dessa feitoria; Tem-me em nada, se te agradar registo De que este nada em ti é doçaria. Faz só meu nome teu amor e amor; E amas-me então pois eu te chamo Ardor.