Olha pra estrada, tristeza e pó Vê quem trabalha ao sol, vida brasileira Barro e poeira, o homem tão só, onde vai dar ?
Sol a sol, dor em dor Vai, trovador, cantar Canto de amor, canto pra alentar Que o não, que o chão, não se cansam de cortar E onde já nem há mais querer, faz renascer
Olha quem parte pras águas do mar Rosto queimado no sal, vida marinheira Olha a traineira que deixa o cais, tudo pra trás
Sol a sol, dor em dor Vai, trovador, cantar Que o pescador segue a navegar Pro breu, pro céu, para os braços de Iemanjá Canta então pra quem vai ficar, olhos no mar
Onde a vista não alcança Ferro, fogo aceso Longe a esperança não quer chegar -vai lá Trovador , canta pra alentar Pra não deixar morrer O sonho de um coração A ponta de uma ilusão De um bem querer
Arde o chão Solidão Queima a fé Queima na seca sem ver solução Arde o sertão Finda a ilusão E a vida é só silêncio Longe se escuta apenas um som Um som ... seu violão ...
Toca ciranda, repente, baião Canta pra gente e vai, vida peregrina Cumpre essa sina , ponteio na mão , como parar ?
Tudo em si, nada é em vão Vai trovador, cantar Canto de amor, canto pra alentar Que o chão, que a dor, canto será ...