Quando amanhece o dia lá no meu sertão Vejo de perto Deus com sua criação O sabiá com seu coral começa a festa E a floresta se transforma em canção A juriti com o seu bando sai dos ninhos E os canarinhos colorindo os arvoredos O galo canta, o sol aponta lá na serra É Deus mostrando que foi feito com seus dedos
Um bem-te-vi na cuminheira do ranchinho Canta sozinho com saudade da amada Que foi levada pelas mãos de um caçador Deixando a dor no seu peito impregnada E de repente o céu se enche de andorinhas Pequenininhas mas, preenchem todo o espaço Notas agudas são as suas melodias Louvam a Deus com prazer e sem cansaço
E foi assim que Deus criou tudo perfeito E me deu força no peito pra numa canção mostrar Como um poeta, violeiro, tocador Eu mostro que o criador do meu sertão vive a reinar
Ao meio-dia tudo fica em silêncio Aí eu penso que a festa terminou Ouço de longe o cantar de uma rolinha Anunciando que o fogo apagou A passarada está na sombra aconchegante por um instante, pra fugir do sol ardente E vai rasgando sobre as folhagens da mata Pra germinar cada grãozinho de semente
No fim da tarde o curió abre o seu bico Dando um grito que o sol já esfriou O xororó responde alegre da palhada E entre as flores brinca alegre o beija-flor Mas me entristece, no meu peito eu sinto dó Quando o Jaor decreta noite no sertão Pego a viola e começo a louvar Ao grande Autor de toda essa criação
E foi assim que Deus criou tudo perfeito E me deu força no peito pra numa canção mostrar Como um poeta, violeiro, tocador Eu mostro que o criador do meu sertão vive a reinar
Compositores: Samuel Jose dos Santos (Samuel Santos), Daniel Jose dos Santos (Daniel Santos) ECAD: Obra #30085946 Fonograma #832398