Das Quebradas
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Todo Ano É Assim

Das Quebradas


Chuva cai, eu peço trégua pra ela
Eu não agüento mais ver o meu povo soterrado nas
favelas
Chuva cai, eu peço trégua pra ela
Eu não agüento mais ver o meu povo soterrado nas
favelas

Começa a chover e eu me lembro do ano passado
Do sofrimento de quem vive em aglomerado
Belo Horizonte nos nove lados
Esse ditado mano já tá mais do que comprovado
Gato não gosta e nunca vai gostar de água
É só chover que por aqui a luz acaba
Lá pra meia noite a luz volta tá tudo em ordem
Vai sonhado, agiliza, não abusa da sorte
Olha pro céu vê se você vê uma estrela
Inicio de ano não existe chuva passageira
Se ano passado você não viu esse ano você vai ver
BH passar em todos canais de TV
Mais a noite você não vai ser de político ladrão
Novamente a notícia vai vim lá do povão
A chuva cai e o homem não pode fazer nada
Daqui a pouco o primeiro barraco desaba
Aí acabou, não tem mais chance
Vai começar o processo avalanche
Então vai vai vai, entra no barraco e tira tudo
Daqui a pouco tudo vai virar entulho
Todo ano é assim mas não devia ser
Aí prefeito, aonde está você ?
Deve tá lá no Del Rey pegando um cineminha esperto
Enquanto quem te elegeu vai ficando sem teto

Chuva cai, eu peço trégua pra ela
Eu não agüento mais ver o meu povo soterrado nas
favelas
Chuva cai, eu peço trégua pra ela (trégua pra ela)
Eu não agüento mais ver o meu povo soterrado nas
favelas

Chuva, vento, relâmpago, trovão
Acaba de cair mais um muro de contenção
Enquanto sua mãe toma chocolate e vê a DirecTV
A minha ora pro nosso barraco não cair
Você ainda ri seu verme safado
Crianças estão tentando se aquecer com cobertor
molhado
Ao contrário de você ninguém tá agasalhado
Tem uns com fome, com frio e vários machucados
Estão com sorte, porque há vários soterrados
Seja bem vindo ao mundo dos desabrigados
O pouco que nós tinhamos a enchorrada levou
E a cada gota de chuva aumenta a minha dor
Como eu já disse todo ano é assim
Agora vão nos abrigar na escola lá dos playboyzinho
Vamos ficar lá tipo uma exposição
Pra escola divulgar o nome na televisão
O resto da merenda dos boy vira o nosso almoço
Isso me deixa revoltado até o osso
A Globo e a Alterosa finge lágrimas mais ama
Dá ibobe, tijolo, sangue, lama
Durante o ano todo no quartel malhando
Enquanto meu povo no veneno ia se aglomerando
Aí bomeiro, não adianta mais você chorar
Ajoelha e pede a Deus pra essa chuva parar

Chuva cai, eu peço trégua pra ela
Eu não agüento mais ver o meu povo soterrado nas
favelas
Chuva cai, eu peço trégua pra ela (trégua pra ela)
Eu não agüento mais ver o meu povo soterrado nas
favelas

A chuva foi tão forte que as gotas chegaram a
machucar
Só que o problema é que não tem pra onde a água
escoar
Morro Das Pedras, Neves, Alto Vera Cruz
Vila Itaú, agora eu clamo por Jesus
Todos armados com seus baldes na mão
Vendo a água suja entrar pelo portão
É, todos os móveis em cima das cadeiras besteira
A enchente passou da altura da geladeira
Isso pra quem mora no asfalto tá ligado
Quem mora nos barranco, nos barraco tão ameaçados
Se não cair já tão trincados, tão condenados
Fazer o que ? Esses são os fatos
Todo ano é assim mas só pra mim
Porque a chuva não derruba a casa desses playboyzinho
?
Governador vem aqui, diz que vai ajudar
Mas só quando chegar a épouca de votar
Prefeito, deputado, ministro, sei lá
Escuta o que o mineiro de verdade tem a falar
Gastar dinheiro com a Pampulha, tomar vergonha
Vai levar água lá pro Vale do Jequitinhonha
Porque aqui a chuva cai eu peço pra parar
Mas lá o povo torce pra ela chegar e ficar
Esse dinheiro tinha que ser mais bem aplicado
Que tal água pro vale em casa pros desabrigado

Chuva cai, eu peço trégua pra ela
Eu não agüento mais ver o meu povo soterrado nas
favelas
Chuva cai, eu peço trégua pra ela
Eu não agüento mais ver o meu povo soterrado nas
favelas

A idéia aqui não é pegar carona em tragédia irmão
Porque só quem morou nas áreas de risco, só quem já
viu os barraco ser inundado
Sabe do que eu tô falando
A gente tá cansado de ver
Não só aqui nas Gerais como também no Espírito Santo,
Rio, São Paulo, Pará,
Goiás, enfim, no Brasil inteiro, a questão é se
ajudar,
Porque ninguém vai tirar você daí a não ser você mesmo

Porque do céu pra nós irmão, só cai chuva
E mais nada, todo ano é assim, chuva cai, Das
Quebradas.

Posted By Yung Vander.

Compositor: Wenderson Simoes Silva (das Quebradas)
ECAD: Obra #7727712 Fonograma #16256679

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