Eu guardo uma nave camuflada no quintal da minha casa Como um sonho de Verne, a certeza na mente No inverso kamikaze da minha paixão desenfreada Escondo nos olhos entre o contato das lentes
O sinal é fraco e a luz é verde no meu modem Meio ilhado, desacreditado, desbotando. . . Tento acordar os motores com o combustível que me resta E vejo na fresta o olhar da vizinha esperando. . .
Fecho meu corpo com água e sal Juro verdades que eu nem acredito Minto metades de verdades inteiras Nego mentiras, pois nunca foram ditas
Eu sou uma nave camuflada no quintal da minha casa Mesmo que você não possa ver, lá estou Como um toco de cigarro na marquise que você não vê Mas eu sei que está lá porque fui eu quem jogou
A frase submersa no lago que você não pesca Eu sou a presa que você fisga e solta Um peixe que você não compra porque não tem preço Para todas as outras coisas, dinheiro
Eu tenho uma nave camuflada entulhando a minha casa Não tenho mais quintal nem marquise Queimei tudo nas decolagens sem rota E meu cinzeiro já não comporta mais os filtros
Andei pensando, Vou doar a nave para um asilo A maturidade chega quando não se tem mais sonhos E afinal de contas, o topa tudo não iria mesmo dar nada por ela