Eu deitei de madrugada com a cabeça atordoada e o peito cheio de sarro Antes de dormir ainda eu tomei mais uma pinga e acendi mais um cigarro A pinga desceu queimando e a fumaça foi entrando e eu prestei bem atenção Escutei quando a cachaça conversava com a fumaça pertinho do coração
A pinga com imponência contou sua procedência disse que era interiorana Dizia pra sua amiga eu sou de família antiga minha mãe se chama cana Eu nasci numa engenhoca e gosto desses bobocas que me beija toda hora Mas quem comigo se ilude vai perder sua saúde e morrer antes da hora
Depois da dona cachaça quem falou foi a fumaça e dizia sorridente Eu sou filha do tabaco o sujeito que eu ataco logo vai ficar doente Sou amiga da bronquite e o cara que me admite vai ter um triste fadário Mas se ele gosta de mim pois então que seja assim ninguém manda ser otário
Depois que elas conversaram as duas se separaram trocando aperto de mão a pinga subiu depressa e a fumacinha perversa foi pra dentro do pulmão Não sei se eu estava sonhando eu vi o mundo girando e comecei a tossir Meio vivo e meio morto tive tanto desconforto e não pude mais dormir
Aquele assunto sem graça do fumo com a cachaça estava me perturbando Comecei ficar com medo levantei cuspindo azedo o dia estava clareando Assim que me levantei no quarto me ajoelhei falei com Deus nosso Pai Jurei por Nossa Senhora e torno dizer agora não fumo e não bebo mais
Compositores: Francisco Fornasiero (Nho Chico), Osvaldo Franco (Dino Franco) ECAD: Obra #639617 Fonograma #823415