Lá no bairro onde eu morro quase sempre ouvia Um casal de marrecos na beira do rio Quando o sol esquentava os dois se aqueciam No calor da tarde nos dias de frio.
Certa vez o marreco afastou-se pra longe Em busca do ninho que ele construiu Um malvado gavião que estava de ronda Pegou a marrequinha e ele não viu
Quando o pobre marreco voltou pra levar A sua companheira pro ninho que fez Só encontrou penas rodando nas águas A tal marrequinha sumira de vez
Muito aflito ele voa subindo e descendo A margem esquerda do rio Quinta Reis E o pobre marreco ficou no abandono Chorando pra sempre sua viuvez
Desse caso amoroso ficou uma lenda Que ainda os barqueiros comentam demais Quando o rio transborda os patos recuam Mas os marrequinhos unem os casais.
E nas grandes vazantes os bandos se escondem Alerto as negácias dos gaviões rivais Lamentando a má sorte daquela marreca Que um dia partiu e não voltou mais.
Eu também tive um caso muito semelhante Que é o caso da ave que o gavião levou A minha companheira fugiu do meu rancho E muito triste sozinho me deixou.
Bem por isso me cuido dos gaviões calçudos Por certo algum deles foi quem me roubou Pois a minha cabocla, marreca selvagem Um dia partiu e também não voltou.
Compositores: Osvaldo Franco (Dino Franco), Danubio do Prado (Dr.danubio do Prado) ECAD: Obra #21393 Fonograma #3093276