Meu papaizinho que bom lhe ver entre o povo Apesar de terno novo consegui lhe conhecer Sei que o senhor parou por casualidade Mas sinto tanta saudade que corri para lhe ver. Eu não deixei ninguém ver que sou seu filho Pois estou tão maltrapilho, não quero lhe envergonhar Eu só queria que olhasse esta sacola Para ver quantas esmolas hoje eu consegui ganhar.
Desde o dia que o senhor foi embora Que a mamãe trabalha fora quando encontra o que fazer Mas acontece que agora ela está doente E nos falta infelizmente até mesmo o que comer. Às vezes sinto um desgosto tão profundo Chego a maldizer o mundo quando ouço alguém dizer Tem certos pais que não valem o que comem Pois deixam passando fome quem não pediu pra nascer.
E essa gente que o chama de vagabundo Que só põe filho no mundo para os outros sustentar Estou pensando em provar-lhes o contrário Hoje é meu aniversário se o senhor puder me dar. Uma escova e duas latas de graxa Eu mesmo farei a caixa, não quero pedir mais Vou trabalhar mesmo engraxando sapato Pra não ver certos ingratos falar mal do meu pai.
Compositores: Aparecido Marques dos Santos (Maracai), Manoel Adao da Silva (Manoelito Nunes) ECAD: Obra #153962