Boiadeiro de palavra Que nasceu lá no sertão Não pensava em casamento Por gostar da profissão Mas ele caiu no laço De uma rosa em botão Morena cor de canela Cabelos cor de carvão Desses cabelos compridos Quase esbarrava no chão E pra encurtar a história Era filha do patrão
Boiadeiro deu um pulo De pobre foi à nobreza Além da moça ser rica Dona de grande beleza Ele disse assim pra ela Com classe e delicadeza Esses cabelos compridos São minha maior riqueza Se um dia você cortar Nós separa na certeza Além de te abandonar Vai haver muita surpresa
Um mês depois de casado O cabelo ela cortou Boiadeiro de palavra Nessa hora confirmou No salão que a esposa foi Com ela ele voltou Mandou sentar na cadeira E desse jeito falou Passe a navalha no resto Do cabelo que sobrou O barbeiro não queria A lei do trinta mandou
Com o dedo no gatilho Pronto pra fazer fumaça Ele virou um leão Querendo pular na caça Quem mexeu nesse cabelo Vai cortar o resto de graça A navalha fez limpeza Na cabeça da ricaça Boiadeiro caprichoso Caprichou mais na pirraça Fez a morena careca Dar uma volta na praça
E lá na casa do sogro Ele falou sem receio Vim devolver sua filha Pois não achei outro meio A minha maior riqueza Eu olho e vejo no espelho É um rosto com vergonha Que à toa fica vermelho Sou igual um puro sangue Que não deita com arreio Prefiro morrer de pé Do que viver de joelhos
Compositores: Jose Dias Nunes (Tiao Carreiro), Lourival dos Santos, Moacyr dos Santos ECAD: Obra #13510 Fonograma #25038