Donizeti Camargo
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Boiadeiro de Palavra

Donizeti Camargo

Rodeio


Boiadeiro de palavra
Que nasceu lá no sertão
Não pensava em casamento
Por gostar da profissão
Mas ele caiu no laço
De uma rosa em botão
Morena cor de canela
Cabelos cor de carvão
Desses cabelos compridos
Quase esbarrava no chão
E pra encurtar a história
Era filha do patrão

Boiadeiro deu um pulo
De pobre foi à nobreza
Além da moça ser rica
Dona de grande beleza
Ele disse assim pra ela
Com classe e delicadeza
Esses cabelos compridos
São minha maior riqueza
Se um dia você cortar
Nós separa na certeza
Além de te abandonar
Vai haver muita surpresa

Um mês depois de casado
O cabelo ela cortou
Boiadeiro de palavra
Nessa hora confirmou
No salão que a esposa foi
Com ela ele voltou
Mandou sentar na cadeira
E desse jeito falou
Passe a navalha no resto
Do cabelo que sobrou
O barbeiro não queria
A lei do trinta mandou

Com o dedo no gatilho
Pronto pra fazer fumaça
Ele virou um leão
Querendo pular na caça
Quem mexeu nesse cabelo
Vai cortar o resto de graça
A navalha fez limpeza
Na cabeça da ricaça
Boiadeiro caprichoso
Caprichou mais na pirraça
Fez a morena careca
Dar uma volta na praça

E lá na casa do sogro
Ele falou sem receio
Vim devolver sua filha
Pois não achei outro meio
A minha maior riqueza
Eu olho e vejo no espelho
É um rosto com vergonha
Que à toa fica vermelho
Sou igual um puro sangue
Que não deita com arreio
Prefiro morrer de pé
Do que viver de joelhos

Compositores: Jose Dias Nunes (Tiao Carreiro), Lourival dos Santos, Moacyr dos Santos
ECAD: Obra #13510 Fonograma #25038

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