Douglas Camppos

Cor

Douglas Camppos


A cor da minha pele
Não te diz quem sou
O meu cabelo crespo
Não te diz quem sou
O que eu visto no corpo
Não te diz quem sou
Quanto eu levo no bolso
Não te diz quem sou
Quem sou

Restos de um passado inesquecido eu sou
Marcado pela mão branca do opressor estou
Lutando em meio ao caos da ignorância vou viver

Restos do Pelourinho pesado e sofrido eu sou
Marcado pelo açoite ao pé do tronco estou
Lutando pela inserção nessa nação que não me vê

Restos do Quilombo perseguido eu sou
Marcado pelo ardor da escravidão estou
Lutando pela aprovação da pele preta sem ceder

Eu sou
O choro
Que chora a cor
Linda cor eu sou

A cor da minha pele
Não te diz quem sou
O meu cabelo crespo
Não te diz quem sou
O que eu visto no corpo
Não te diz quem sou
Quanto eu levo no bolso
Não te diz quem sou
Quem sou

Basta exclusão, discriminação
Racismo é um império sem chão
Basta a anarquia e a hipocrisia
Que a cor homogênea é padrão
Tire a mão branca, gelada da frente
Que eu quero passar com minha cor
Tire o discurso pesado da boca
Deus não te fez superior
Tire as mazelas que trazes na alma
Sua casca dissemina a dor
Tire a ilusão da escravização
O negro é o seu próprio senhor
Eu sou Mandela, sou Luther King
Sou Bob Marley, Zumbi
Sou Rosa Parks, Elza Soares
Eu luto pra não sucumbir
Mentes fechadas, atrofiadas
Buscando um antídoto a si
Presas no escuro
Em cima do muro
Ferem alguém sem sentir
Fora nazismo, racismo, fascismo
O "ismo" é um grito no abismo
Fora machismo, um podre modismo
Eu quero cantar

A cor da minha pele
Não te diz quem sou
O meu cabelo crespo
Não te diz quem sou
O que eu visto no corpo
Não te diz quem sou
Quanto eu levo no bolso
Não te diz quem sou
Quem sou

Compositor: Douglas Figueiredo Campos
ECAD: Obra #31371762 Fonograma #32169090

Letra enviada por Enethy Cuty

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