Acorda! O povo juntou de novo! A essa altura, eu posso ver: já são cem, ou mais... Depois de uma noite mal dormida, essas vidas dão conta de o encontrar Já chegou piscando o olho, trouxe pó de ouro Tolos nós que vamos, frouxos os que não vão Agora, mais torto que altivo, está vivo e de volta pra retomar
Seu nome sobrou nas esquinas, mas ninguém sabe ao certo qual ele traz Entre a Rua do Cabeça aos Aflitos, aos gritos, uma turba quer o tocar Uns disseram: "É cigano!". "Não! Não é humano!", foi o que o outro disse "Deus é que sabe o que eu já vi!" Bastou que apontasse com a vista, pro dia, em silêncio, pôr-se a escutar:
"Fique onde você está Não saia do seu lugar Concentre na respiração Não é sonho, é ilusão E a farsa é o show"
Uns o chamam de santo Outros querem que ele se vá Pra uns é só um homem Pra outros é o Rei do Olhar.
Alguns eram quase partida, mas ficaram para vê-lo levitar Depois, sobre a brasa que ardia, na pista da via, ele caminhar Uma moeda pro seu bolso, o olho falso e goro Uma rosa, que seja, ou o perdão que deseja O silêncio que calou o dia fez de mim mais um entre os "cem, ou mais"...
Me concentro aonde ele vai Sempre imóvel, sem parar Prendendo a respiração Pire, que isso é piração E a farsa é o show
Uns o chamam de santo Outros querem que ele se vá Pra uns é só um homem Pra outros é o Rei do Olhar.