Edith Veiga

Foi Deus

Edith Veiga


Não sei, não sabe ninguém
porque canto fado neste tĂŁo magoado de dor e de pranto.
E neste tormento, todo sofrimento que sinto na alma
cĂĄ dentro se acalma nos versos que canto.

Foi Deus que deu luz aos olhos, perfumou a rosa;
que deu ouro ao sol e prata ao luar.
Ai, foi Deus que me pĂŽs no peito
um rosĂĄrio de penas que vou desfiando
e choro a cantar.
E pÎs as estrelas no céu,
fez um espaço sem fim,
deu luto Ă s andorinhas, ai!
e deu-me esta voz a mim.

Se canto, nĂŁo sei porque canto!
Misto de ventura, saudade, ternura ou talvez amor.
SĂł sei que cantando sinto mesmo quando
se tem um desgosto e o pranto no rosto nos deixa melhor.

Foi Deus que deu voz ao vento, luz ao firmamento
e pĂŽs o azul nas ondas do mar;
Ai, foi Deus que me pĂŽs no peito
um rosĂĄrio de penas que vou desfiando
e choro a cantar.
Fez poeta o rouxinol,
pĂŽs no campo o alecrim,
deu flores Ă  primavera, ai!
e deu-me esta voz a mim.

Compositor: Alberto Janes ( Cd Edith Canta AmĂĄlia Rodrigues/2003 )

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